sábado, 12 de setembro de 2009

Alguns textos que trabalhamos para repensar a educação e o relacionamento professor-aluno-aluno

A LIÇÃO DA BORBOLETA

Um dia, por uma pequena abertura em um casulo, um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele buraco.
Então parece que ela parou de fazer progresso.
Parece que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguiria ir mais além.
Então o homem decidiu ajudar a borboleta. Pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho, pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta, porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capaz de suportar o corpo, que iria se afirmar com o tempo.
Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da sua vida rastejando com seu corpo murcho e suas asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessários à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo com Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para suas asas de modo que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar através dela sem quaisquer obstáculos, nós nunca poderíamos voar.

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A VOLTA DE UM PERSONAGEM DO SÉCULO XVI NO BRASIL


Em final século do século XX, o Sr. Teixeira, um grande professor, brasileiro do século XV, voltou à terra e chegando à sua cidade ficou abismado com o que viu: as casas altíssimas e cheias de janelas; as ruas eram pretas e passavam umas sobre as outras com uma infinidade de máquinas andando em alta velocidade; o povo falava muitas palavras que o professor Teixeira não conhecia (poluição, telefone, avião, rádio, metrô, televisão, computador); os cabelos do povo pareciam com os do tempo das cavernas... e as roupas deixavam o professor ruborizado.
Muito surpreso e preocupado com a mudança, o professor visitou a cidade inteira e cada vez compreendia menos o que estava acontecendo. Resolveu então visitar a Igreja. Mas que susto ele levou! O Padre rezava a missa em português e de costas para o altar, o órgão estava parado e um grupo de cabeludos tocava, nas guitarras uma música estranha ao invés do canto gregoriano. O desespero do professor aumentava, mas ainda resolveu visitar algumas famílias. Mas... o que significava aquilo? Depois do jantar todos se reuniam durante horas para adorar um aparelho que mostrava imagens e emitia sons. O professor Teixeira ficou impressionado com a capacidade de concentração de todos. Ninguém falava uma palavra diante do aparelho.
Tudo havia mudado completamente e o Sr. Teixeira desanimava cada vez mais até que resolveu visitar uma escola. Foi uma idéia sensacional porque la chegou, sentiu a paz e a tranqüilidade que procurava. Tudo continuava da mesma forma como ele havia deixado: as carteiras uma atrás da outra, o professor falando, falando... e os alunos escutando, escutando, escutando.
(Extraído do Jornal de Comunicação e Expressão – 1990)

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As lições de uma escola:
Uma ponte para muito longe...
Ademar Ferreira dos Santos
Não cobiço nem disputo os teus olhos
não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos
nem sei tampouco se quero ver o que vêem
e do modo como vêem os teus olhos.
Nada do que possas ver, levar-me-á a ver e a pensar contigo.
Se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo,
não me digas como se caminha e por onde é o caminho:
deixa-me simplesmente acompanhar-te, quando eu quiser.
Se o caminho dos teus passos estiver iluminado
pela mais cintilante das estrelas que espreitam as noites e os dias,
mesmo que tu me percas e eu te perca algures na caminhada,
certamente nos reencontraremos.
Não me expliques como deverei ser, quando um dia as circunstâncias
quiserem que eu me encontre no espaço e no tempo de condições,
que tu entendes e dominas.
Semeia-te como és e oferece-te simplesmente à colheita de todas as horas.
Não me prendas as mãos,
não faças delas instrumento dócil de inspirações que ainda não vivi.
Deixa-me arriscar o molde talvez incerto,
deixa-me arriscar o barro, talvez impróprio,
na oficina onde ganham forma e paixão todos os sonhos que antecipam o futuro.
E não me obrigues a ler os livros que eu ainda não adivinhei
nem queiras que eu saiba o que ainda não sou capaz de interrogar.
Protege-me das incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta
e com o silêncio (intimamente sábio) das tuas palavras e dos teus gestos,
ajuda-me serenamente a ler e escrever a minha própria vida.
(Extraído de A Escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir – Rubem Alves; Papirus, 2001

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